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Sábado
29 de Novembro, 2018
Sobre o tempo para tornar-se mãe
Vivemos dias de pressa. Tudo acontece em ritmo acelerado...
talvez não nos percebamos capturados por esse tempo, mas quando vemos, estamos
correndo.
Será a maternidade um espaço de possível refúgio, um
reencontro com um tempo absolutamente na contramão dessa aceleração? Tempo
lento, vagarosamente sentido, ainda que algumas vezes com tensão e desejo que
pudesse passar rápido... mas é no viver dos segundos, horas e dias, que
transformações vão podendo acontecer...
Talvez a maternidade seja uma das vivências mais complexas
ao longo da vida. Um casal vai aos poucos abrindo espaço para que um terceiro
possa chegar e desacomodações vão surgindo para que novas acomodações possam
acontecer.
São tão diferentes as expectativas para o a chegada de um
filho. São individuais ao mesmo tempo que em conjunto. Os pais, mães e famílias
vão investindo e sonhando do seu jeito a gestação. Gestação biológica ou
adotiva, cada uma com suas complexidades e singularidades, sendo um universo
novo da vida adulta, ao mesmo tempo que tão familiar da infância.
Surgem ansiedades sobre o que virá pela frente: como será
esse bebê? Quem será esse filho?
O que está se aproximando é o que não se conhece, é um
outro ser que passa a habitar esse mundo, entra com tão grande intensidade que
muitas vezes os pais se deparam com uma sensação de caos.
Tão importante, ao mesmo tempo que tão difícil viver esse
caos. Caos da desacomodação, da desordem, do não saber, do querer
desesperadamente saber, do querer dormir, do querer desistir, do descobrir o
amor de um outro jeito e de uma grande (re)descoberta sobre si.
E eis que os dias vão passando e segue a busca constante do
encontro e quando acontece o encontro, no seu tempo, no tempo possível, surge
um alivio.
E em um tempo novo, com descobertas, medos, dúvidas, amor, choro, encontro e desencontro, surge uma mãe.
Elisa Bochernitsan Psicóloga do NAP