O Filho do Desejo – Uma reflexão sobre adoção

24 de Maio, 2018

O Filho do Desejo – Uma reflexão sobre adoção

Desejar um filho não implica necessariamente estar preparado para situações que poderão advir.
A escolha pela adoção deve vir acompanhada de um planejamento.
Ao chegar no seio familiar um filho escolhido, semelhante ao processo do filho legitimo, esta criança, antes mesmo de nascer, para estes pais já deve ter sido pensada e esperada. Mesmo que a adoção seja uma “surpresa” a constituição do vínculo deverá se fazer pela via do “estar preparado” não somente no que tange a um planejamento sócio-econômico, mas , principalmente um preparo psicologico, ou seja, deverá existir nesses pais um espaço que não seja preenchido pela dor, pela pena ou pela constatação da negligência que uma criança abandonada convoca, mas sim pelo amor.
Adotar não é sinônimo de ajudar. Crianças são sábias e não demorará a entender o porquê de estar ali. O amor, o vinculo, o educar e o suportar serão duplamente testados antes de serem aceitos, pois o medo de serem novamente abandonados é latente em filhos adotivos e levará um certo tempo para que consigam relaxar e se entregarem para sentimentos que não conhecem. Pensar que a criança adotada possa ser uma geradora de conflitos e de situaçoes problemáticas é, no mínimo, um erro,pois, nada nos garante que filhos legítimos, venham, durante seu processo de desenvolvimento não apresentarem problemas de conduta, pois, são inúmeras as famílias que vivenciam situações difíceis com seus filhos biológicos.
Cuidar, ver crescer, preparar para a vida, não é uma tarefa simples, independente de serem filhos adotivos ou biológicos. Tanto um quanto o outro necessitam ser frutos do desejo e da preparação para tê-los, mesmo que este desejo surja após o seu nascimento e de uma outra mãe.
Saber-se desejado é pelo menos um bom começo. Ser reconhecido no olhar pode demorar um pouco, afinal, mães e filhos precisam de tempo para se conhecerem.

No caso da adoção, é na construção do vínculo que acontece a gestação.


Jussara Ramos Zanetti Psicóloga do NAP