​A experiência da morte e a vivência do luto para a criança

03 de Agosto, 2017

A experiência da morte e a vivência do luto para a criança

É com muita naturalidade que falamos sobre o ciclo da vida quando se refere ao nascer, crescer e reproduzir. Porém, ao nos depararmos com a etapa deste ciclo que se refere à morte, o assunto já não é visto desta forma.

Deixar de existir é tão natural como o não existir e é a maior certeza de ocorrência na minha, na sua e na vida de todos os vivos. Por mais que as pessoas não queiram falar ou tratar sobre a morte ela é o fato que vai acontecer de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde. Ela chega para todos, sem exceção. Porém falar, lidar, enfrentar e encarar a morte é difícil tendo em vista os sentimentos que ela envolve.

Já que não podemos evitar que a morte ocorra, podemos lidar melhor ou pior com ela. Podemos negar, fugir do assunto e até nos iludir de que não falando sobre a morte ficaremos mais distantes dela e que, de repente ela não acontecerá conosco ou com as pessoas que queremos bem. Ou podemos encará-la de frente como um acontecimento inevitável e então viver bem, aproveitar o tempo de vida da melhor forma possível.

Por se tratar de um assunto tão temível ele causa mais angústia quando há a necessidade de tratá-lo com as crianças. Os pais se deparam com a sua própria dor e por outro lado com a ansiedade oriunda das dúvidas que possuem sobre a forma de abordar e lidar com este acontecimento traumático junto aos filhos. Para os pais, dar a notícia de morte aos filhos é uma experiência assustadora, pois na intenção de protegê-los da situação, acabam tratando o assunto de forma inadequada. Antes de tudo é preciso que os pais saibam que, de acordo com a idade e o estágio de desenvolvimento que a criança está, a forma como ela entende a morte é diferente e por isto é importante adequar o discurso à sua idade e maturidade. Além disto, cada criança reage de forma diferente à notícia e por isso que não há nenhuma certeza sobre a forma como ela reagirá frente ao fato. Assim sendo, o indicado é que os pais usem de sinceridade para contar o fato ao filho, demonstrando apoio e compreensão na expressão de seus sentimentos indicando que estarão ao seu lado no período de luto. Esses são fatores fundamentais para que mesmo em uma situação tão delicada a criança consiga elaborar a ocorrência da morte e vivencie o luto como forma de superação desse fato.

Quanto mais naturalidade e simplicidade se tratar sobre a morte com a criança, mais tranquila será a sua aceitação, adaptação e reestruturação ao mundo sem a presença da pessoa falecida.


Rejane Friedrich Psicóloga do NAP