Deixa ir

06 de Julho, 2017

Certo dia, você resolve abrir uma gaveta e percebe que está tudo misturado: muitos objetos pessoais, alguns que nem lembrava mais que existiam, mas por algum motivo estavam ali. Logo, sente um peso, uma angústia, mas também percebe que é hora de mexer nessa gaveta, afinal aquelas coisas estão há muito tempo ali. Retira objeto por objeto da gaveta, e ao olhar para cada um, lembra da história, da pessoa e/ou do momento a que o objeto remete. Várias emoções são sentidas: amor, alegria, tristeza, raiva, saudade, dor. A primeira ideia que vem a sua cabeça é “não quero mexer”. Mas em seguida você pensa que é importante olhar para isso e inicia o processo de separar o que realmente é importante de “manter ali” e de “deixar ir”. Ao final, você se surpreende que a pilha do “deixar ir” ficou volumosa e sente um alívio quando termina.

A gaveta desta pequena história pode ser concretamente a gaveta, ou armário, ou a casa, e que tanto precisamos arrumar, mas também podem ser as gavetas internas que também precisam ser arrumadas: são os sentimentos, as atitudes, os pensamentos, os valores, os relacionamentos.

Ao olhar mais atentamente para as gavetas, é possível se dar conta de que se estava apegado há muito ao que havia dentro dela, que em um determinado tempo da sua vida teve um sentido, agora pode estar significando apenas sofrimento e dor. O “deixar ir” é se desapegar do que já não é mais importante, funcional, saudável no momento que você vive hoje.

Quando você escolhe o que quer “deixar ir”, você também pode escolher o que quer manter, resgatar ou construir, buscando o que realmente importa na sua vida. É ir ao encontro de uma vida valorosa, que lhe traga satisfação e realização pessoal, liberdade e felicidade. Para finalizar, cito o pensamento de Morihei Ueshiba: “Quando perderes o desejo por coisas que não têm importância, serás livre”.


Vanessa A. Marzullo Psicóloga do NAP