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Sábado
10 de Novembro, 2016
Solidão: visita ou morada?
Antigamente,
o homem vivia numa sociedade coletivista, em que o modo de viver se baseava na relação
grupal e interdependente. Havia vários pontos positivos, mas também negativos,
como falta de espaço para o indivíduo, suas escolhas e decisões. Ao passar do
tempo, surge a sociedade individualista, trazendo várias consequências, tanto
positivas como negativas, dentre elas, a solidão, sendo assim o resultado da produção social do
homem individualista e egocentrado.
O
tema da solidão está se destacando cada vez mais, pois há estudos indicando que
a estimativa de pessoas que referem se sentir sozinhas é alta: uma em cada
três.
A solidão está relacionada à sensação e/ou à
vivência de estar só, na companhia ou não de outras pessoas, podendo haver
falta de interação social e/ou comunicação emocional. Assim, ela pode ser tanto um sentimento
existencial, como um sintoma de uma doença mental. No segundo caso, requer
avaliação psicológica e/ou psiquiátrica para o devido encaminhamento e
tratamento.
Enquanto
um sentimento existencial, a solidão visita a todos nós, em algum momento de
nossas vidas. Para algumas pessoas, a solidão é apenas uma visita – vem e vai
embora; já para outras, parece fazer morada. Nesse sentido, a solidão pode ser
entendida como um distanciamento do seu meio e uma renúncia ao encontro com o
outro, mas principalmente consigo, com suas vivências e com sua capacidade de
se comunicar livremente com seu mundo interno.
Assim
como a tristeza, a solidão traz uma dor imensa, mas também uma oportunidade de
realizar reflexões e conversas internas, em que se pode repensar a vida, o modo
de viver, os sentimentos, os pensamentos e as atitudes, levando a um
crescimento emocional.
Martha Medeiros, na sua crônica “Os quatro
fantasmas” (do livro “Doidas e Santas”) comenta que “a solidão assusta também,
mas sabemos que há como conviver com ela: basta que a gente dê conteúdo à nossa
existência, que tenhamos uma vontade incessante de aprender, de saber, de se
autoconhecer”.
Mas quando permanece apenas a dor do estar só, sem a possibilidade das reflexões, pode ser o momento ideal para buscar ajuda profissional, a fim de entender o significado e o sentido desse sentimento, e então buscar meios de enfrentar a solidão e superar o medo que se tem da mesma.
Vanessa A. Marzullo Psicóloga do NAP